Querido professor!
Hoje através dos jornais li que o senhor viajou, que se foi para um outro atelier, muito longe daqui, ensinar um pouco de sua arte para outros alunos que o esperam ansiosos.
Eles tem que saber que o senhor apesar de ser um grande artista, é um pouco rabujento, ranzinza, mas mesmo assim, nao tem quem o adore, o admire.
Me lembro da época em que eu era sua aluna, as vezes seus olhos brilhavam de felicidade quando via que eu lhe levava bombons de chocoloate ou bolo também de chocolate, que o senhor adorava.
E quando o senhor nao estava ensinando no atelier, se mantinha lá tomando sua cerveja e fazendo palavras cruzadas.
Eu ria muito quando o senhor trocava meu por minha e me perguntava "- onde está a sua namorrada?" eu respondia, - Professor! Namorado.
Agora sou eu que cometo estes erros em alemao, pena que o senhor nao pode me ouvir falando alemao, é para rir! Me lembro daquela vez quando fizemos uma exposiçao e o senhor queria fazer um discurso e pediu nossa ajuda, o discurso me lembro até hoje, começava assim: -Quando eu morrava num casa de pica-pau, entao a Raquel Correa corrigio e disse: -Nao, professor, casa de pau à pique!! Rimos tanto!!
Mas o senhor tinha um genio terrível, mas quando chegava perto de mim para me dar bronca, me olhava e começava a rir sem parar, nunca conseguia me dar bronca, claro! nos dávamos tao bem.
O senhor sempre me perguntava porque eu ía ao atelier se quase sempre seguia a minha própria cabeça, acho que por isso nos dávamos tao bem, éramos os dois determinados, aqui entre nós, cabeça dura, isso o que somos.
Depois que deixei seu atelier e me aventurei em outros países deixei de pintar
mas, agora lhe vou prometer algo, voltarei a pintar, porque o senhor em nenhum momento deixou de faze-lo, mas quanto ao meu alemao, acho que já nem importa falar tao perfeito.
Uma beijo de seu aluna und Gute Reise!!( boa viagem!)
Com carinho,
Tania Maria Rodrigues Peters.